Os Sermões Dominicais e Festivos são
uma obra composta de duas partes distintas, a primeira os Sermões Dominicais
somam 53 sermões e foram escritos em Pádua durante o triênio em que frei
Antônio foi Ministro Provincial do norte da Itália (1227 – 1230). A estes estão
agregados mais quatro sermões para as festas marianas, que estão colocados logo
após o sermão para o décimo segundo domingo depois de Pentecostes. A partir do
fim de 1230, o frade iniciou a confecção dos sermões festivos que foram
escritos até o agravamento de sua doença que o levou ao encerramento de sua
vida em 1231. Segundo o site www.mensageirosdesantoantonio.com.it, Antônio
escreveu estes sermões a partir das ordens de Rainaldo de Jenne, Cardeal de
Óstia, que viria a se tornar o papa Alessandro IV. Contudo sua saúde só o
permitiu escrever vinte sermões, indo até a festa de São Paulo, que ocorre no
dia 30 de junho.
Além do pedido do Cardeal, frei
Antônio nos informa no Prólogo da sua obra que fora esta produzida “para a
honra de Deus, edificação das almas e consolação tanto dos leitores como dos
ouvintes, e que a tal fora compelido pelos rogos e caridade dos seus confrades”.
Com a autorização de Francisco para o
ensino de Teologia na Ordem e a criação entre o ano de 1223 e 1224 da escola de
teologia dos menores em Bolonha, Antônio passou a ser o protagonista da maior
evolução intelectual da Ordem dos frades menores,[1]
que deixaram de ser simples pregadores itinerantes que repetiam versículos e
impressionavam pelo exemplo, uma vez que andavam maltrapilhos e a mercê das
intempéries, passando a ser grandes pregadores e destacados intelectuais.
Os Sermões
antonianos não foram exatamente escritos da maneira como eram proferidos à população[2],
na verdade estes sermões eram a continuidade das aulas que o frade ministrava
aos novos freis pregadores para torná-los oradores sacros mais eficientes em
sua missão tratando-se também, segundo Francisco da Gama Caeiro, em alguns
casos, de resumos de pregações feitas aos fiéis[3].
Para
Roberto Zavalloni[4]
Antônio era um mestre da Escolástica e contribuiu para o crescimento de tal
ciência. O teórico justifica esta afirmação assegurando que os Sermões em alguns trechos seguem o
método positivo especulativo de Pedro Lombardo considerado mestre da primeira
fase da Escolástica. Porém o que constatamos é que Antônio não faz parte do grupo
de grandes luminares desta escola, porém ele é um dos preparadores deste
período através do ensino do método que viria a ser o dominante na teologia
medieval. Assim como Zavalloni Caeiro afirma que os Sermões possuem dois
aspectos, o escolástico e o pastoral.
Assim
como os dois autores citados, acreditamos que a obra antoniana possui este viés
escolástico, já que refletia o método usado no ensino e na formação dos freis,
ensino este baseado no mistério dos sacramentos e da pregação que depois seus
alunos exerceriam entre os fiéis. Pastoral porque exigia uma pregação próxima
aos fiéis, isto é nas ruas e praças, em todos os lugares e não somente dentro
das Igrejas e Catedrais.
Ao elaborar
seus Sermões, Antônio segue uma determinada ordem. Primeiro expõe o texto
sagrado, normalmente extraído da liturgia da palavra obedecendo ao ciclo
temporal ou a festividade celebrada, segundo o sentido literal e as diferentes
aplicações espirituais: alegórica, moral e mística. Que de acordo com Fernando
da Costa Bernardino Marques, em sua obra O Prólogo aos Sermões Dominicais de
Santo Antônio de Lisboa, constitui o tema no sermonário medievo. Em seguida,
articula o Sermão propriamente dito, que se compõe do prólogo, da exposição do
tema e do epílogo, todo concebido como instrumento para expor a doutrina e
exortar aos ouvintes para aplicá-la na vida. Depois segue o uso que se faz da
Bíblia na liturgia; oferece a oportunidade de comentar em cada sermão nada
menos do que quatro argumentos, tomados da Bíblia: uma narração do Antigo
Testamento proposta pelo oficio divino, o intróito, a epístola e o Evangelho
tomados da missa dominical. Desta maneira, no transcurso de um ano, tratava-se
de praticamente toda a Sagrada Escritura.[5]
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